quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Saber quem você é traz cura

A pergunta milenária “Quem sou?” remete a filósofos antigos e a seres iluminados. De fato, alguns deles atribuem sua iluminação à contemplação dessa pergunta. Mas o que esta pergunta realmente pode trazer para a nossa vida cotidiana? Como ela pode nós afetar? Realmente tem algum poder transformador?


Tem. O poder transformador dela é ao mesmo tempo sutil e poderoso, suavemente mudando como experimentamos o mundo. Ela é capaz de pouco a pouco nos conectar com uma real paz interior, trazendo cura.


Está a fim de fazer um experimento? Vamos lá então. Quem é você? Você é seu corpo? Não, porque seu corpo é seu. Ele é uma coisa que você tem. E se tiver alguma dúvida pergunte quem experimenta quem? É você quem experimenta seu corpo ou é ele que experimenta você? Então, você não é seu corpo.

Você também não é seu nome, seu sexo, nem sua idade. Essas são qualificações, descrições, mas não a sua essência.
Será que você é seus pensamentos, suas emoções, seus sentimentos? De novo vamos ter que dizer que não. Os pensamentos, as emoções e os sentimentos aparecem e desaparecem em você, e é você quem os experimenta. Eles chegam e vão, mas você continua.


No última coluna falamos que somos a defesa contra a perda de amor. As nossas formas particulares de agir surgem dessa defesa que foi criada há tempo. Mas essas formas de agir também não são aquele quem você realmente é. Elas são condicionamentos, não você.


Você também não é nem as memórias nem as expectativas. Seu ser é agora. Seu ser, a sua existência é a parte mais real do que tem. Você sabe que você é. Nisso não tem dúvida. Então, você é. E além de ser, você sabe que é. Isso chamamos de consciência. Você é a consciência que parece experimentar o mundo.


É quando começamos realmente enxergar que não somos corpos, nem pessoas, nem os condicionamentos mas aquela pura consciência que é e sabe que é, que podemos começar deixar muitos dos dramas atras. Os dramas das nossas vidas, os sofrimentos, e as feridas parecem reais quando nos identificamos com eles. Quando nós identificamos com a ferida, a carregamos, sustentamos, criamos defesas para não mexer nela. Entramos nas batalhas para defende-nos.


E quando esse discernimento que não somos a personagem, só jogamos o papel da personagem, surge, de repente podemos nos abrir e começar desfrutar do que acontece. De repente podemos viver plenamente, sem o feche que o medo impõe. A nossa visão fica mais ampla, o nossa capacidade de resolver os problemas aumenta junto, e a nossa capacidade de desfrutar plenamente se estabelece.


Tudo bem, pode até ser. Mas como chegar a esse ponto de se identificar com a ampla consciência, com aquele amor aberto, com a sensação de beleza? O primeiro passo já está feito. Esse é o passo de logicamente entender quem somos. Agora trata-se de prática e costume. Quanto mais vamos praticar essa visão, mais natural ela vai ficar. Uma das melhores formas de pratica-la é se afastar das distrações e em vez de usar a mente para enfocar nos acontecimentos usa-la para des-enfocar, abrir. Sentados, com o corpo relaxado, os olhos suavemente fechados, deixando todos os sons entrar sem enfoque ou preferência, mergulhamos na sensação de abrir, relaxar, e simplesmente ser. Mesmo se for só para uns poucos minutos cada dia, esse treino vai pouco a pouco começar mexer com toda sua forma de perceber o mundo, te convidando a ter uma experiência mais plena e satisfatória, com uma paz real e cada vez mais perceptível no fundo.



Imagem do Unsplash.com

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