terça-feira, 31 de março de 2020

Se o apego é a causa do sofrimento, precisamos desapegar?

Nestes tempos de pandemia, ouve-se como as pessoas no Ocidente estão desesperadamente exclamando "O não! Tudo está mudando agora!". Ao mesmo tempo, os budistas exclamam com alívio "Ah, sim! Tudo muda!". Entender que tudo muda é um dos fundamentos do budismo, e quanto mais cedo você conseguir alcançá-lo, melhor equipado estará para superar o sofrimento.

Uma das grandes filosofias e religiões do este, o Budismo, tem como objetivo de liberar-nos do sofrimento. O caminho é pelo desapego porque de acordo com os antigos ensinamento o sofrimento surge quando nos apegamos a algo. Quando nos apegamos a outra pessoa e ela desaparece da nossa vida sofremos. Quando nos apegamos a alguma imagem e percebemos que não somos mais aqueles sofremos. Quando nos apegamos a alguma idéia e lutamos por ela muitas vezes acabamos sofrendo.

A sabedoria Budista nos fala que tudo muda. Este é um principio básico do universo. E se tudo muda significa que tudo ao que nos apegaremos um dia mudará, e terminaremos sofrendo.

Mas não é só o fato de ver o que gostamos terminar. Não é só a perda que gera o desconforto. O próprio apego, o agarramento em si imediatamente vem acompanhado do sofrimento. Se você prestar atenção vai perceber que agarrar e reter qualquer coisa requer uma certa tensão. Isso é obviamente certo quando se trata de prender coisas físicas, aonde os músculos precisam trabalhar, mas também enquanto ao emocional. Partes do seu corpo vão tensionar quando você agarrar emocionalmente algum sentimento. Quando você tensionar vai perder a liberdade e abertura. Não vai mais permitir a mudança acontecer. Em vez disso vai criar resistência. A resistência é uma forma de combater o presente, não aceitar o momento e sofrer por isso.

Se aceitamos a perspectiva que o agarramento, o apego, é a fonte do sofrimento, como podemos nos desapegar?
Uma das técnicas é ficar sensível para reconhecer o apego e aprender a solta-lo. Para praticar este caminho normalmente se aconselha viver uma vida ética, por que a falta de ética nos deixa endurecidos e menos sensíveis. A meditação também ajuda tanto no aumento da sensibilidade quanto no desapego.

Mas existe alguma outra forma de não cair no sofrimento do apego? E se, em vez de aprender a soltar o apego a gente encontrar uma forma para se liberar do desejo do apego?

Imagine se você estivesse tão cheio/a, repleto/a de amor e felicidade que não sentisse nenhuma falta. Se toda sua felicidade fosse gerada por dentro não precisaria de nada exterior para ficar feliz. Não precisaria agarrar-se às coisa, pessoas, relacionamentos, acontecimentos. Sua felicidade seria incondicional.

Este é o caminho da filosofia de “começar por se sentir bem e fazer da inspiração”, em vez de fazer para preencher uma falta na esperança de depois ficar bem. Reconhecendo que somos sempre nos a gerarmos as nossas emoções abrimos para a possibilidade de aprender a faze-lo deliberadamente. É o caminho do mestre do foco, aonde o foco vira um superpoder e fica no que desejamos e não diverge pelo ruim. O que não gostamos fica um ponto apreciado de expansão que usamos como um trampolim que nos eleva claramente para cima, na direção da nossa aspiração.

Propositalmente escolhendo o melhor sentimento que conseguimos sentir no momento nos leva, pouco a pouco a um estado preenchido, aonde o apego não cabe e o sofrimento não faz mais sentido.


Se você achar essa filosofia de começar som sentir-se bem interessante, posso recomendar o meu livro (em inglês) "Choose Joy - Joy and Freedom for the Logically Minded".  Lá você aprenderá como se reprogramar para viver uma vida mais feliz.



Está disponível em versão impressa ou versão super barata e eletrónica no Kindle




Uso imagens do Unsplash.com.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Não espere...Faça acontecer

Já se encontrou paralisado num estado de infelicidade por falta de alguma coisa? Não posso estar feliz agora porque estou doente, porque estou com pouco dinheiro, porque não tenho bons relacionamentos, porque não tenho bom trabalho, porque não tenho tempo para fazer o que gosto…


Esta forma de pensamento é muito comum e frequentemente automática. Mas a boa noticia é que os problemas e aquilo de que sente falta não precisam trazer infelicidade. Sabendo como gradualmente modificar os pensamentos podemos conseguir alcançar sucessos para além do que imaginávamos possíveis. Podemos usar os nossos vazios, usar os nossos problemas para ficarmos felizes e servirmos aos outros.


Tem poucas pessoas que possam mostrar como fazê-lo melhor do que a Claire Wineland. Claire nasceu com fibrose cística. É uma doença genética e mortal. A esperança de vida da Claire era 10 anos, depois virou 13, depois 19, mas no final Claire acabou por viver 21 anos aqui na terra. Durante sua vida ela teve 37 cirurgias. Ela morreu 6 vezes e todos os dias estavam cheios de horas de tratamentos e sofrimento físico. A pesar disso a Claire era uma das pessoas mais felizes e inspiradoras daqui. A mensagem dela, espalhada no Youtube, já atingiu a mais de 200 milhões de visualizações.
A grande mudança para ela aconteceu quando ela morreu por um tempo aos 13 anos. Naquela experiência ela viu, e sentiu o quão potencial um ser humano tem e quanto precioso é cada momento. Saindo do estado de coma, que foi induzido para salvar a vida dela, teve que re-aprender a caminhar, mas dentro dela tinha uma clareza. Foi então que parou de esperar e começou viver plenamente no presente, fundando uma associação para ajudar pessoas com fibrose cística e transmitindo a mensagem, nas palavras dela:
“A morte é inevitável, mas viver uma vida da qual nos orgulhamos é uma coisa que podemos controlar.”


Ela começou a procurar o que de bom a doença dela fez, o que ela ouve a oportunidade de aprender com isso, e como isso pode ajudar aos outros. Ela se negou tentar viver num futuro imaginário e ficou presente em cada momento. Quando a mãe dela ficava triste por pensar nos sofrimentos que ainda esperavam sua filha, Claire a trazia para o presente dizendo que agora, neste momento agora mesmo, tudo está bem, e podemos desfrutar plenamente disso. Quando a irmã dela imaginava a vida sem a Claire e começava a chorar, Claire a abraçava e rindo contava que agora ela estava aqui. E não era só com as palavras que espalhava sua mensagem. Era com sua vida, com sua atitude, com sua presença plena em cada momento e a genuína felicidade de simplesmente poder estar.
Um vídeo sobre a Claire:




Então, uma das melhores professora de "como viver a vida plenamente" foi condenada à morte. Ela usou o problema para crescer como pessoa, crescer em felicidade, e ajudar milhões de outros.


O trampolim da felicidade



Qualquer seja o problema ou a necessidade que vivenciamos, sempre existe uma forma de usa-la para ficarmos mais felizes e servirmos os outros. Os problemas podem servir como um trampolim que mostra exactamente o que é importante para nós e o que nos inspira.


Quanto mais descemos num trampolim, mais força teremos para subir voando. A direção para baixo nos mostra a direção contrária, para cima. Essa é a direção do nosso maior prazer e maior significado. Quando os nossos pensamentos automáticos criam raízes agarram-se na tela do trampolim e ficamos em baixo, remoendo nas explicações porque as coisas não estão bem. E quando, pelo contrário, conseguimos identificar o que realmente queremos, usamos as pernas para aproveitar ao máximo o trampolim e poder voar e planar em alturas que antes do salto nem sequer imaginávamos.

Pense numa dificuldade que neste momento você vê como obstáculo para estar feliz. Pense numa coisa que você não gosta. Pode ser uma necessidade de alguma coisa, pode ser uma caraterística sua ou de outra pessoa, pode ser um evento desagradável. Agora veja se consegue imaginar como seria o contrário e tente sentir isso emocionalmente, ressoando no seu corpo. Se era falta de saúde você pode imaginar saúde plena e todas as coisas que você poderia fazer tendo essa saúde. Se era uma caraterística desagradável, como por exemplo uma atitude egoísta, pense e sinta o contrário, como seria ter, sentir, e ver generosidade dentro de você e ao seu redor. Se era um acontecimento, veja o que foi dele que você não gostou e como seria o contrário.


Este enfoque no que você quer, junto com o envolvimento das emoções, vai criar a oportunidade para você conseguir pensar de outra forma. Os caminhos neurológicos para permitir estes pensamentos vão se abrir e com a prática fortalecer. Depois, pense no que você poderia fazer agora para dar um passo naquela direção. Existe alguma forma criativa de ir na direção do que você quer usando seu problema?


Isso foi o que a Claire fez. Por causa dos problemas dela deveria ser uma pessoa deprimida, sofrida, limitada, sem esperança e profundamente infeliz. Mas enfocando no que ela queria, no que era importante para ela, transformou-se numa pessoa alegre, apreciadora, livre, profundamente inspiradora e plenamente feliz.


Calire foi uma pessoa espetacular, e você também o pode ser, use seus problemas e fique feliz agora, não espere até eles um dia estiverem resolvidos.