quarta-feira, 20 de maio de 2020

Gestos de Amor - Pessoas Contando


Estou começando um novo projeto, abrindo uma nova conta no YouTube aonde vou postar vídeos que abrem o coração de uma forma positiva.  Nestes dias há muitos vídeos na televisão e na internet que fecham o nosso coração, criam uma couraça, ou até uns que o abrem, porém quebrando.

Com o novo canal "Sobre o Amor" quero conectar com vocês, oferecer a oportunidade para vocês conectarem com outras pessoas que passam na rua, e verem o que acontece nos corações delas.

É hora de conectar com a realidade que nos rodeia de uma forma significativa, que faz diferença, e que nos deixa mais conectados, coração a coração.

Hoje temos o primeiro vídeo.  Nele temos dez pessoas em Ilhéus, Bahia, que falam sobre gestos de amor que as impactaram.



Qual dos gestos fez maior ressonância com você?  Responda nos comentários aqui ou no YouTube.




Eu uso imagens do fabuloso Unsplash.com

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Contexto presente do coronavírus: A perda da privacidade do seu corpo

Estou escrevendo este artigo porque há um perigo. 

Neste momento estamos no meio de uma tempestade e por isso pode ser difícil ter uma visão clara do que está acontecendo.  Quero poder alcançar um número maior de pessoas, para que elas tenham acesso a estas informações e poderem visualizar o que esta acontecendo denttro de um contexto mais amplo, nos tempos do coronoavírus, para que tenham a oportunidade de refletir e tomar as medidas que acharem adequadas.

Vamos lá...  Neste momento estamos no meio de uma crise sanitária e consequentemente econômica a nível mundial e há muito medo.  Toda vez que há medo a visão das pessoas de um modo geral fica menos ampla.  O nosso enfoque é a imanente sobrevivência e fica difícil visualizar perspectivas e contextos maiores.   Os pensamentos iniciais são do tipo “Aonde consigo álcool para me proteger?"  Não tenho máscara!",  "A ajuda do governo já entrou? ",  "Como vou sobreviver sem meu emprego?”,  etc.  As reações de quem está com medo são previsíveis e como o enfoque da maioria é segurança fica mais fácil direccionar os pensamentos e as ações das pessoas.



Um exemplo do passado - 9/11


Dia 11 de setembro no ano 2001 houvevam os ataques às Torres Gêmeas em Nova Iorque. Isso gerou uma crise e muito medo, sobretudo nos Estados Unidos.  Os canais informativos nos Estados Unidos, todos os dias mostravam barómetros de quanto medo precisava ter naquele dia.  E realmente gerou-se muito medo que teve como enfoque “os terroristas”.

Devido a esse episódio, foi possível que entrasse em vigor uma nova lei, chamada “The Patriot Act”, que tirou os direitos civils da população.  A promessa do governo era que assim o governo ia ter autonomia para proteger os cidadãos dos terroristas.  E foi isso o que aconteceu?  As pessoas condenadas, usando esta nova lei, foram os terroristas?  Não.  A lei foi usada sobre tudo para aprisionar os denunciantes, os “whistleblowers”, e grupos como veganos (como por exemplo membros de um grupo chamado SHAC 7 por publicarem vídeos de abuso de animais cometidos pela empresa Huntingdon Life Science).  Geralmente a lei foi usada quando alguns ativistas estavam otendo sucessos na campania de ativismo.
Para explicar o contexto do que está acontecendo agora, vamos usar um exemplo do passado para tudo ficar mais palpável.

Será que os direitos serão tirados só em situações extremas, como situações de críse e depois em outros momentos os cidadãos vão de novo usufruir dos direitos?  Pelo contrário!  No ano 2013, Edward Snowden, um “whistleblower”, demostrou que estamos sendo vigiados em forma massiva e que nossos direitos de privacidade estão sendo cada vez mai diminuídos. 

Então, a partir desses exemplos, podemos ver, como uma situação de crise foi usada para revogar os direitos das pessoas ao invés de os restabelecerem em um futuro pacifico e ao contrário do que se propunham poderem assim abusar e revogar ainda mais do que se mostrava.


O presente - Coronavìrus

O que isto tem a ver com o coronavírus?

No momento estamos novamente, numa situação de crise, com medo rampante.  Mas o que resta para tirarem de nós?  Agora trata-se do nosso direito ao nosso próprio corpo.  Trata-se da privacidade e da privacidade em relação ao seu corpo.O cenario mais provável agora, será que por medida de segurança (ler “controle”) vamos começar, sem muito poder de escolha, passo a passo renunciar da nossa privacidade corporal.  Já veremos exatamente como vai acontecer, vale ressaltar que há várias formas disso acontecer.  Dentre elas citarei algumas.

Dentro de pouco, talvez, haverá uma vacina e quem sabe será obrigatória para certas pessoas.  E por exemplo, se você quiser poder trabalhar nos encargos onde interage com outras pessoas precisará tomar esta vacina.  Ou, talvez, se você quiser entrar numa certa localidade, ou se você quiser viajar num avião cheio de pessoas terá que mostrar que foi imunizado.
De início isso tudo pode parecer bom e vai ter pessoas correndo para tomar as vacinas.  Mas não vai parar por aqui.

Nestes tempos estão sendo desenvolvidas muitas tecnologias que integram a saúde.  Por exemplo, existe uma empresa que trabalha com inteligência artificial e emoções.  Neste momento, ela oferece um produto que está sendo utilizado em pacientes com trastornos do espectro autista.  Trata-se de um tipo de óculos que registram e interpreta as expressões da pessoa que está à frente do paciente, falando-o como está o estado emocional daquele sujeito, se a pessoa está triste, com raiva, feliz ou chateado por exemplo.  Neste momento esta é uma pequena empresa, chamada Affectiva, e os donos se recusam publicamente a utilizar a tecnologia desenvolvida por eles para outros meios. 

Um outro exemplo são as empresas de Elon Musk, que estão desenvolvendo neuro-chips com inteligência artificial que se conectam diretamente com os neurônios dentro do encéfalo.  Eles irão começar a testar os chips deles em pessoas portadoras de deficiência física, na tentativa de restaurar a capacidade de movimento ou mobilidade delas, mas, o objetivo é criar uma tecnologia que aumente as capacidades das pessoas de um modo geral e nos conecte diretamente com uma rede mundial.  Já podemos ser chamados cyborgs, com o nosso celular, através do acesso que damos das nossas informações diariamente pela internet, mas este é mais um passo para virarmos um cyborg integrado.  Na opinião do Musk, expressada há uns dias atrás na entrevista com Joe Rogan, este tipo de chipe vai estar disponível dentro de menos de cinco anos.

Várias outras empresas oferecem monitoramento de funções fisiológicas.  Por conta da tecnologia já podemos medir os nossos padrões de sono, a variabilidade dos nossos batimentos cardíacos, a nossa temperatura, etc.  Algumas destas empresas, como a Kinsa, inclusive disponibilizam os dados para o público.  Durante o periodo do coronavirus podemos, por exemplo, encontrar em seu site as localizações que apresentam um quadro de febre.

Estes são apenas alguns exemplos de tecnologias que existem hoje e estão sendo aperfeiçoadas.  Estes avanços tecnológicos podem ser ótimos, ou não.  Vejam o que está acontecendo simultaneamente em algumas partes do mundo.

Agora mesmo estão tentando implantar a “EARN IT Act” nos Estados Unidos.  Esta é uma lei que tem por objetico, colocar uma "porta traseira" em todas as plataformas, para o governo, dando-lhe assim, acesso aos seus dados.  Isso significa que, independente das intenções das empresas donas das plataformas que desenvolvem as tecnologias, elas para funcionar, terão que permitir tal acesso para o governo.

Mas qual é o perigo?  Se eu não sou um criminoso, o que importa se o governo sabe onde eu estou ou que temperatura corporal tenho?

Neste momento, talvez, não ocorra nada.  Na fase da implantação só irão ser mostradas as vantagens.  Mas imagine se o que você está fazendo agora em um futuro venha ser contra a lei e você seja de alguma maneira punido por causa disso.  Ou imagine, se você estiver assistindo o "grande" líder da sua nação na televisão e todos os seus dados corporais, como por exemplo as suas micro-expressões faciais, que poderão dar indicação que você não está de acordo com o que ele ou ela fala? 

Na China já existe um sistema, que neste ano será obrigatorio, que da uma pontuação a cada cidadão, pontuação que evalui ou involui se ele é um "bom" cidadão.  E quando os pontos diminuem o cidadão perde direitos, como por exemplo acesso ao transporte público, dentre outros. 

A privacidade é o direito base para todos os outros direitos.  Sem privacidade, outros direitos tornam-se inexistentes.  Por isso é essencial lutarmos por ela. 


O que pode-se fazer? 

A primeira e mais importante parte é perceber o que está acontecendo.

O coroniavirus é a fase necessária para poderem implantar consenso e as leis que achem necessárias para o acesso aos corpos dos cidadãos.  Este é o contexto maior do que está acontecendo agora.  Perda da privacidade significa perda de liberdade e de todos os direitos.  Exemplos históricos mostram que a prioridade do governo é manter o poder e controle, mesmo ao custo dos cidadões, e não o que deveria de fato ser feito que é o desenvolvimento das ações de proteção que sejam a favor dos cidadões.

Sabendo isso e com base nisso, podemos refletir para que possamos fazer as nossas escolhas.  Mas de que maneira poderíamos fazer melhor as nossas escolhas? 

Há mais de dez anos que novas tecnologias permitem formas de organização que não estão baseadas na hierarquia.  Nestas formas não existe um centro de poder.  O poder é então descentralizado.  Elas não são nem organizações, nem empresas, nem governos.  Qualquer ser pode optar a usá-las, ou não.  Elas podem ser feitas de maneira que visam proteger a privacidade dos utilizadores. 

Um exemplo, são algumas formas de criptomoedas, como o bitcoin.  Estas tecnologias descentralizadas em base às tecnologias blockchain podem ser usadas para outros fins, não apenas como dinheiro.  Já existem outras aplicações como contratos descentralizados (muitas vezes encima do Etherium), redes sociais descentralizadas, mercados descentralizados, dentre outras.  Elas representam opções de saída dos sistemas centralizados. 

É interessante procurarmos estas opções, solicitarmos cada vez mais que elas sejam desenvolvidas e que as que já existem sejam cada vez mais divulgadas e compartilhadas para que haja maior disseminação e conhecimento da existência delas, dando assim a possibilidade de escolha de privacidade para um número cada vez maior de pessoas.   E assim por exemplo quando você estiver procurado uma tecnologia que monitore suas funções corporais pode procurar por estes tipos de opções descentralizadas, que preservam a sua privacidade.

Mas o fundamental é ver todo o contexto, para que possa refletir de uma maneira ampla e consequentemente fazer melhor suas próprias escolhas.




Para quem falar inglês, aqui tem um vídeo falando sobre o que está neste texto:




Quem quiser ler mais sobre este tipo de pensamento, e fala inglês, pode procurar meu livro ou e-livro “The Devil is in the Structure” no kindle ou Amazon.



Uso imagens do fabuloso Unsplash.com